French Cannoli é uma das maiores personalidades do universo canábico mundial. Foi consultor, professor, artesão e ativista dedicado à produção e apreciação de concentrados tradicionais de maconha até seu falecimento, em 2021, com 64 anos de idade, decorrente de uma complicação cirúrgica.
Esse divertido francês se tornou uma lenda na fabricação de concentrados. Ele passou 18 anos da sua vida viajando por diversos países do mundo para entender tudo o que podia sobre a maconha, tal como plantio, colheita, cura, processos de extração de haxixe, processos de extração de outros concentrados e aprendeu, ainda, como a cultura local de cada lugar abraça e produz maconha e seus derivados.
Toda essa experiência de vida resultou finalmente no seu recolhimento para a Califórnia, onde fundou uma empresa que não só cria concentrados de altíssima qualidade como também promove workshops de produção de concentrados. Anos de trabalho duro e anos de empresa finalmente resultaram num sonho antigo do francês: um documentário que o seguiu pelo mundo, desde Barcelona até as remotas fazendas do Emerald Triangle da California, filmando seu trabalho e sua jornada.
Parte 1: Quem é e o que faz?
Um artesão que produz produtos de altíssima qualidade tende a se tornar cada vez mais reconhecido pelo seu trabalho, mas um artesão que não somente produz isso nesse nível de qualidade mas também ensina outras pessoas como fazer isso, acaba passando para um nível de reconhecimento que fica em outro patamar.
O Frenchy não só produziu produtos de altíssima qualidade que eram disputados no meio canábico, como também ensinou abertamente sobre a melhor forma de produzir os concentrados que o fizeram famoso.
Palestras, workshops, tutoriais publicados em sites, revistas e outras publicações mostram que sua vida foi cheia de amor pelo que fazia e por repassar às novas gerações de profissionais tudo que ele aprendeu ao longo desses 18 anos viajando pelo mundo e absorvendo métodos, técnicas e culturas das mais diversas.
Esse documentário mostra os últimos anos da sua vida, sua luta, seu ativismo e sua paixão. Na primeira parte do documentário vamos conhecer um pouco mais sobre ele, suas viagens, seu relacionamento com agricultores e seus pensamentos.
Situação da Califórnia
Maconha é plantada em diversas partes do mundo com ou sem permissão do governo. Num cenário de plantio ilegal, localizações que possuem condições ideais para o plantio da diamba acabam mantendo essa “guerra” por mais tempo porque as plantas crescem melhor, mais facilmente, rapidamente e com mais qualidade e volume.
A Califórnia é um desses “sweetspots” em que o plantio da maconha encontra diversas condições ideais, então temos uma longa história de “guerra” que minimamente tem décadas de idade e perdura até hoje, mesmo com a legalização do uso medicinal e recreativo que já existe no estado.
A segunda parte do documentário foca muito na realidade vivenciada nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia, mostrando pessoas que apoiam e/ou criticam a regulamentação do mercado canábico, bem como os efeitos dessas normas sobre diversas perspectivas bem interessantes.
Plantio de Guerrilha
Diversas famílias de agricultores plantam maconha há décadas na Califórnia, muito antes de qualquer lei ou regulamentação. Algumas famílias compartilharam como o plantio era feito antes da legalização: com o método de guerrilha. Várias plantações separadas espalhadas em um vasto território. Se a polícia chegasse a uma delas e as destruísse, outras 3, 5, 10 existiriam para permitir que a vida continuasse sem grandes interrupções.
A legalização e a regulação mudaram isso substancialmente, principalmente nos anos iniciais.
Legalização e Primeira Regulação
Os primeiros anos de regulação da Califórnia trouxeram inúmeros desafios. Um dos principais foi determinar nas normas a quantidade de plantas por acre de terra que poderiam ser plantadas. No documentário é possível ver agricultores que não ficaram satisfeitas com o limite de plantas estabelecido, expondo as consequências financeiras impostas às suas famílias, enquanto o próprio Frenchy Cannoli e algumas outras famílias entenderam que esse limite é benéfico para que todos pudessem focar na qualidade e não necessariamente na quantidade. E nisso, trouxeram o exemplo da França, que no início do século passado fez um processo de regulação focado no aumento da qualidade dos vinhos, multiplicando as cifras de um mercado que já era consideravelmente grande para o que conhecemos hoje como um mercado multibilionário.
Com a regulação veio também os impostos. Os elevados preços do produto final favoreceram – e até hoje favorecem – a permanência do mercado ilegal porque o produto final fica numa faixa de preço substancialmente acima do que é possível encontrar no mercado negro, muitas vezes com qualidade semelhante em ambos os casos.
Novas Regras, Problemas, Problemas e Mais Problemas
A regulamentação da maconha na Califórnia foi evoluindo ao longo do tempo. Uma das coisas que mudou foi a queda do limite de plantas por acre de terra, algo oriundo de intenso lobby promovido pelos grandes conglomerados que têm grandes interesses no setor. Se por um lado isso ajuda todo mundo a poder produzir mais, também tira a barreira do crescimento em escala que essas empresas multimilionárias têm condições de fazer acontecer. Assim, cada vez mais o mercado dos pequenos agricultores encolhe e se torna nichado, com foco em crescente qualidade para poder prover um produto bem diferenciado do que o que as grandes empresas colocam nas prateleiras.
Além disso, inúmeros incêndios em larga escala aconteceram na Califórnia nos últimos 10 anos tirando dezenas, centenas de famílias da cena canábica local. O documentário mostra, inclusive, questionamentos sobre as estranhas situações que alguns desses incêndios começaram, o que levanta diversos questionamentos.
Por fim, também conhecemos um pouco mais das questões regulatórias impostas pelo governo estadual geram custos que antes eram estimados na casa das centenas de milhares de dólares para hoje estar mais na casa dos milhões de dólares. Vemos no documentário por reiteras vezes questionamentos que nos levam a pensar: quem está sendo beneficiado com tantas regras para esse mercado, quando em tantos outros mercados não há tantas barreiras?
Fim da vida do Frenchy
O documentário mostra um pouco dos últimos anos de vida do Francês, concluindo com a realização do sonho dele de sair da cidade para ir para o campo, perto dos agricultores que produzem a erva que ele usa para fazer seus tão apreciados produtos. Clique abaixo para ir para o documentário no Vimeo. Ele é pago, mas vale cada centavo.
Hoje, sua esposa (conhecida como Madame Cannoli) e sua principal aprendiz Belle, que ficou com ele por mais de 7 anos, continuam o legado do Franchy promovendo cursos em vários países. Se quer conhecer mais sobre o trabalho do Frenchy, da Madame Cannoli e da sua aprendiz Belle, clique no botão abaixo para ir para o site dele. Lá você encontra agenda de eventos (workshops), vários vídeos de tutoriais sobre o método do Frenchy, publicações, etc.
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