Um estudo publicado na Clinical Toxicology mostra que os adolescentes dos Estados Unidos estão trocando o álcool por maconha. O estudo mapeou o uso indevido e abuso intencional de drogas relatados aos Centros de Controle de Intoxicação do país nas últimas duas décadas.
Números, números e números
Ao analisar os dados de uso indevido e abuso intencional de drogas, os pesquisadores descobriram que a exposição à maconha entre adolescentes nos EUA aumentou 245% entre os anos 2000 e 2020, enquanto o abuso de álcool diminuiu no mesmo período.
“Os casos de uso indevido/abuso de etanol excederam o número de casos de maconha todos os anos de 2000 a 2013. Em 2014, os casos de exposição a abuso/uso indevido de maconha ultrapassaram os casos de etanol e, desde então, os casos de exposição à maconha excederam os casos de etanol todos os anos”, escreveram os pesquisadores da Universidade Oregon Health & Science.
Foram mapeados 510 e 1.761 casos de exposição à maconha entre 2000 e 2020, contrastando bastante com a exposição ao álcool que tiveram 1.318 casos em 2000 e 916 em 2020. Mais de 80% de todos os casos relatados ocorreram com jovens de 13 a 18 anos. Os pesquisadores observaram 57.488 incidentes envolvendo crianças de 6 a 12 anos, mas eram casos de ingestão de vitaminas, plantas, melatonina, desinfetantes para as mãos e outros objetos.
É importantíssimo ressaltar que a pesquisa também identificou altos níveis de abuso de medicamentos de venda livre entre os adolescentes. Entre 2001 e 2016, o maior número de casos de abuso de drogas foi relacionado ao dextrometorfano, um remédio para resfriado e tosse. Os anti-histamínicos orais também estavam entre as substâncias mais comumente usadas indevidamente.
Limitações desse estudo
Nem tudo são flores. Há de se pontuar que esse estudo é limitado, uma vez que não faz uma análise dos dados por estado e uma vez que há diferenças muito grandes no acesso à cannabis legal e ilegal de estado para estado nos EUA. Em jurisdições que legalizaram o uso adulto e/ou medicinal da cannabis, as leis de regulamentação impõem proibições da venda de produtos de maconha a menores de idade, o que não ocorre nos mercados não regulamentados.
Além disso, um corpo crescente de estudos vem mostrando justamente o contrário: o uso de cannabis por adolescentes não aumentou ou até mesmo diminuiu em estados americanos que legalizaram a planta.
“Este estudo fornece novas informações sobre os impactos da cannabis no mercado legal com proporções variadas de THC para CBD em indivíduos com sintomas de ansiedade. Os resultados sugerem que o THC não aumentou a ansiedade e que as formas de cannabis com predominância de CBD foram associadas à redução aguda da tensão, o que pode se traduzir em reduções a longo prazo nos sintomas de ansiedade”, escreveram os pesquisadores.
Outros estudos sobre o tema
Michigan (EUA)
Esse estudo foi conduzido por cientistas da Universidade Estadual de Michigan analisou as tendências de consumo de cannabis em uma público de mais de 800.000 pessoas e descobriu que a regulamentação do uso adulto de maconha não faz aumentar o consumo entre menores de 21 anos.
Colorado (EUA)
Uma pesquisa do Departamento de Saúde Pública do Colorado que constatou uma redução de 35% na probabilidade de os adolescentes consumirem maconha em 2021 em comparação com os anos anteriores — uma tendência que vem se confirmando desde 2013, quando a pesquisa teve início.
Além disso, o estudo também revelou um declínio do número de adolescentes que disseram que seria fácil obter cannabis se quisessem. Em 2021 pouco mais de 40% dos estudantes afirmaram que poderiam acessar facilmente, em contraste com os 55% que disseram isso em 2013 — as vendas legais de maconha para uso adulto começaram em 2014 no estado.
Uruguai
No Uruguai também podemos ver os mesmos efeitos da legalização da maconha sobre os jovens. Além disso, esse estudo é bem interessante porque o Uruguai foi o primeiro país do mundo a legalizar o uso adulto de maconha e a fornecer a erva em farmácias a preços populares.
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